Ventosaterapia em debate: popularidade versus evidência científica

A ventosaterapia é uma prática muito difundida, sendo comum vê-la aplicada em clínicas, academias e até mesmo em ambientes esportivos de alto rendimento. Muitos profissionais da saúde incorporaram a técnica à sua rotina de atendimentos.
No entanto, apesar dessa popularidade crescente, não há evidências científicas que sustentam a eficácia da ventosaterapia. Revisões sistemáticas recentes apontam que os estudos disponíveis apresentam amostras pequenas, metodologias heterogêneas e ausência de controle adequado, o que torna difícil determinar se os benefícios observados são realmente causados pela técnica ou por outros fatores, como o efeito placebo, o relaxamento ou a expectativa de melhora.

Essa discrepância entre o uso clínico e o respaldo científico é o que torna a ventosaterapia uma prática tão discutida. Muitos profissionais relatam observar efeitos positivos, como redução da dor ou melhora da mobilidade, o que os leva a continuar utilizando a técnica. Outros, por sua vez, preferem se manter fiéis a intervenções cuja eficácia foi comprovada por meio de ensaios clínicos controlados.

Não se trata de desmerecer a experiência prática do profissional, mas a ciência existe para testar, medir e confirmar se o que percebemos de forma subjetiva realmente gera efeitos consistentes e reproduzíveis. No caso da ventosaterapia, o que se encontra na literatura não garantem que os resultados percebidos ultrapassam o efeito de expectativas ou fatores contextuais.

O ponto  talvez esteja em reconhecer que a popularidade de uma técnica não é, por si só, um indicativo de sua eficácia. A adesão de muitos profissionais à ventosaterapia revela também algo sobre a cultura da fisioterapia: a busca constante por recursos que ofereçam conforto, resultados rápidos e satisfação ao paciente. Entretanto, a prática baseada em evidências exige cautela e senso crítico, principalmente quando se trata de procedimentos que envolvem manipulação direta da pele e que podem gerar reações adversas, como equimoses e irritações.

A ausência de comprovação é um convite à reflexão. O diálogo entre a experiência clínica e o conhecimento científico é essencial para o avanço da fisioterapia. Questionar, revisar e testar são atitudes que fortalecem a profissão e ampliam a segurança do paciente.

Mais do que escolher um método, o papel do profissional é compreender o porquê de cada escolha. A prática baseada em evidências não existe para limitar a criatividade clínica, mas para garantir que cada decisão seja fundamentada em segurança, ética e benefício real ao paciente. Ela convida à reflexão constante, ao questionamento e à atualização, permitindo que a experiência e o conhecimento científico caminhem juntos.

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